Friday, March 31, 2006

Reflexões: acto nº 1


My friends

"and i got this friends you see/they make me feel/like i don't regret a thing"


Por caminhos da invicta cidade, território de partilhas, por entre conversas, banhados pelo alcool e pelo grande desdém pelo mundo, aqui eles estão sempre junto de mim...
Porque as grandes amizades são assim impossiveis de atraiçoar...
E eles estão aqui, e não me deixam cair, e sabem do meu riso, como sabem das minhas lágrimas, e sabem intuitivamente o porquê...
O maior tributo é aquele que faço todos os dias quando me lembro, eu nunca estou só, estou convosco, nas memórias e sorrisos cumplices, e voces sabem tambem estou aqui para vocês...

"amigos verdadeiros preciso de 4, para me levarem no caixão!"

Pela Regência, a oficial e a outra

1 grande abraço

Saturday, March 25, 2006

another way...

vem, quando a noite cair entre as casas de marfim e mostra-me o reino dos sorrisos e das palavras que se escondem em ti...
vem, por entre a bruma e os silêncios, como rei regressando ao seu reino imperfeito, como chuva miudinha entre o nevoeiro espesso de onde emergem os mitos e os sonhos...
vem, e desenha com o lápis de carvão, o destino e a vida que encontrares ali, nos recantos da história, nos momentos vividos, e deixa o silêncio erguer-se como uma vaga que leva o mundo consigo e apenas deixa a verdade e um trilho por abrir...
vem, vê como o lago te espelha e eu não te deixo desviar o olhar, vê como neste areal profundo os matizes vão do rosa ao fogo, como os peixes se assustam para depois regressar, como a vida prospera, sem exagero de prova, numa ordem constante e mutável...
vem, e ao meu lado, estranha a espuma dos dias que se desfaz nesta praia, como a verdade se cansa, e os argumentos se esgotam e deixa, deixa o areal mudar com o vento que passa, sentindo o sal e a água, e os cheiros de mundos por vir, abandona o porto e ruma, com destino incerto e memórias perdidas, enquanto o sol se põe nos horizontes por vir...

Friday, March 24, 2006

run the tests, i know.

...ela chegou, e eu adorava como ela conseguia dar ás palavras uma convicção capaz de mudar o mundo. e eu dançava. ela chegou do planeta dos sorrisos onde aprendeu a respirar e eu trazia a força e o sentido. e o sol brilhava intensamente. e o ar era fresco e suave como nas noites de verão. conhecia o seu corpo antes de lhe tocar de olhos fechados. o seu toque era magia. e as borboletas esvoaçavam num pano negro de fundo. e eu sorria. lembro-me quando o monstro chegou e eu chorava. tão baixinho que tu nunca vias. lembro-me da chuva a cair e eu esforçadamente a limpar os olhos que sabiam a sal. para não dormir. lembro-me de vigiar o teu sonho, enquanto gelava com o medo que havia em mim. lembro-me do silêncio e do calor, do aconchego duma manta e dos trocos que contávamos quando tinhamos fome. lembro-me do desejo puro, da loucura, e do sorriso entre o fumo, conhecia de cor cada canto e cada caminho até ti, e sofria, sem vacilar...
... ela partiu, quando o mundo chega e nos diz que é errado, quando as escolhas estão feitas à partida e o que sobra é o mundo das conveniências. e cavando o mesmo fosso removiamos a terra para construir novas pontes até ao outro mas sempre sem perceber que essas pontes nos levavam para destinos que não queríamos e que a terra que removiamos era a mesma terra que nos unia. os sorrisos esmoreceram como o desejo, o tempo passava e a luta era contra tudo, menos por nós, o caminho do sucesso e do orgulho, do dinheiro e da abundância. de restaurantes caros e momentos fátuos, deixamos a chuva cair, sem reparar. submergido no medo e perdendo a razão. e ela partiu, com o presente envenenado dentro de si, o nosso orgulho à frente, o nosso pecado em frente, substituindo cada mosaico por um vazio sem dó, com a dor que restava, ela partiu, e deixou o silêncio que passa, um caminho que segue. quando perder é uma questão de método e distância, um tempo que escapa, e um caminho, sem fim...

Thursday, March 23, 2006

post nº 10


em honra do meu 10º post, hoje vou falar de

10 coisas que gosto
10 coisas que odeio

coisas k gosto:

1- gosto da chuva, de tudo na chuva, da maneira como cai, do seu som, do seu cheiro, gosto de andar á chuva, mas sobretudo, gosto de me sentar junto ao mar e ver chover entre ondas...
2- gosto de trovoadas.
3- gosto de música.
4- gosto de surpreender.
5- gosto do facto de haver pessoas que não me suportam.
6- gosto de cozinhar.
7- gosto de saber que nunca sou metade de mim mesmo.
8- gosto da noite, das estrelas, da lua.
9- gosto do silêncio.
10- gosto de rituais...

coisas que odeio:

1- odeio depender de algo ou de alguém, odeio que dependam de mim.
2- odeio rotulagem e o "destino".
3- odeio pessoas bonitas.
4- odeio condutores inteligentes.
5- odeio circos de vaidades.
6- odeio sorrisos forçados.
7- odeio caminhos pré-traçados.
8- odeio promessas/compromissos.
9- odeio o facto de me conhecer tão bem.
10- odeio a "melhor maneira de fazer as coisas"...

Tuesday, March 21, 2006

prudence/one love/my redemption


é bom saber que o caminho se encontra traçado desde a partida, e que as escolhas estão feitas pela previsibilidade dos sentimentos e que mesmo assim se desconhecem.
caminhos fáceis de traçar e percorrer, ditados pela mesma força, pelo mesmo orgulho de querer vencer e traçar a pulso o seu próprio caminho, o resto é posto de lado, sai fora de uma vontade perfeita. É fácil de ver como o caminho se traça e não se desvia, como se escolhem formas e conteúdos, vontades e decisões, para o resto ignorar...
e continua, no pálacio dos egos acarinhados, vaidades pessoais e escolhas de fim e pressuposto, mudanças que não atingem qualquer propósito, salvação que não se alcança, acomodar-se a perder, como acidentes de percurso ou destino que se traça paralelamente a um caminho escolhido apenas com a força de uma vontade...
e se a vontade falhar?
não falhará certamente, o orgulho é demais, a certeza de lutar, lutar sempre, lutar contra tudo, pelas certezas que não se abalam, pela autoconfiança de vencer...
já lá estive e sei, sei que no fim todos os vencedores se acham sozinhos no topo das suas conquistas e disfrutam do prazer e do privilégio de poderem escrever velhas histórias de mitos, que bardos conscienciosos irão cantar à lareira de um qualquer rei por um quinhão da sua ceia e um cálice de vinho perfumado de especiarias...
e no fim do livro que se escreve, das histórias de conquistas e de medalhas pessoais, surgem histórias de derrotas que se esquecem e não se contam, resultados de erros externos a um general vencedor.
histórias de derrotas que gelam corações e partem lanças, que escondem esqueletos no armário, e persistem como calafríos, nas solitárias noites nos velhos campos de batalha na velha tenda do general invicto e orgulhoso...
e eu vejo, vejo passos que marcam pegadas de sangue, vejo circulos que esconjuram velhas bruxas desdentadas com risos sarcásticos, e vejo um velho general que traça a cada golpe de espada limites invisiveis contra os velhos fantasmas de outros tempos, de outras batalhas...
eis um general que ganhou e exibe medalhas, como moedas num baú demasiado fundo, eis um general que se pavoneia e cuja capa de carmim se recobre do pó dos anos, eis o general cuja espada perdeu o brilho oxidada pelo sangue, eis o general cujas costas curvadas carregam tantas vitórias como derrotas...
vejo-o ai curvado sobre a escrivaninha, escrevendo, com a mesma força que sempre teve, manejando a pluma com a mesma perícia com que manejou a espada que lhe traçou o caminho, escreve um último capítulo e sorri orgulhoso...
e um fantasma que vem e suavemente coloca a mão no ombro do velho general e sussurra:
"tu nunca estiveste só, olha o caminho queimado, e as velhas árvores carcomidas, cujos ramos partiram com o peso dos enforcados, o sangue corre livre como o vinho que celebra as tuas conquistas, vê a tua força que agora desvanece...mas segue o teu caminho vacilante, tu sabes: tu nunca olharás para trás..."

Sunday, March 19, 2006

insomnia

cada um escolhe a cada momento aquilo que acha ser melhor naquela altura, se mais tarde olhas para trás e te arrependes é pq as escolhas k fizeste te mudaram, ao ponto de quereres ter feito outras escolhas, mas já n és o mm, nem podes voltar atrás...

Friday, March 17, 2006

Subliminar

Sonho
Com caminhos traçados
Pecados lançados
À roleta do destino
Aposta
Perder
E desenhar o futuro
No tom pardo do passado
Querer
Sem pensar no que se quer
Impressão digital
No tecido do ser
Linhas que convergem
É noite
Nunca adormeço, apenas me canso
E sonho:
Sonho com um grande enorme botão encarnado, que escorre por uma parede muito branca antes que o alcance, de repente tudo negro, e uma música de fundo familiar que desconheço
Desperto
E imagino sorrisos
Verdadeiros
Improviso
No circo das vaidades pessoais
Egos acarinhados
Projectados
Queridos
Teatro de uma vida que passa
E se consome
Sorrio,
Recordo-me de rir um dia
e o sentido perder-se
Divido-me
Como quem sai de si
e se vê
Sabendo
Errando
Figurante passando
Esquecendo...

Thursday, March 16, 2006

from my private heart-shaped box

logout!

180 km/h, diário, tabaco, cinema, estrada, escuro, privado, humano, desrespeito, estranho, linhas brancas, noite, lua vermelha, água, chocolate, sangue, sexo, musica, efeito placebo, papel, caneta, escritório, relógio, amor, pilhas, tinta, aguarela, gás, suor, oxigénio, tubo, chão, orgulho, destino, preconceito, silêncio, medo, modelos, instruções, dormir, país, telefone, desporto, perder, picante, viagem, sucesso, dinheiro, contagem, inquérito, paradigma, falhanço, mente aberta, janela, vento, chuva, mar, praia, o método, a Deusa, pedido, querer, falhar, perder, perder-se, agrária, polícia, aceleração, radar, concreto, morrer, sorriso, perdão, projecto, miguel, cachimbo, menta, chá, verde, flor, pássaro, doença, ar, incenso, marfim, gaivota, prenda, mármore, frio, caneta, recibo, assinatura, rodar, farol, saída, direcção, amarelo, estrela, noite, alcool, vodka, gelo, comida, formato, nervo, anatomia, regional, verdade, acidente.


the way is................
"follow the path dorothy!"

Tuesday, March 14, 2006

100 miles away

viagem por uma estrada tantas vezes repetida, no rádio, placebo, e uma constante linha negra entre mim e o mundo.
vaidades tantas vezes repetidas, caminhos traçados com orgulho e segurança, palavras que as avalizam, saudades do que se foi, orgulhoso pelo que se é, a fragilidade inerente a coisas fortes, destinadas ao vácuo. palavras vãs, e orgulho, destino e preconceito, linear, lindo, preparada contra o mundo.
adoro as certezas pequenas e o sustos do silêncio, adoro a conversa banal contra nenhum significado, adoro quando me calo e deixo como cera que esse muro eclipse a minha face. e vejo vacilar, desconhecer, quebrar, até que brinco e de novo apareço apenas para sentir a insegurança d kem se sente, no chão inseguro dos silêncios, incertezas.
o mundo é este e eu estou
100 miles away

retorno

Mostra-me o mesmo céu carregado
Com as mesmas nuvens
Composto pelos mesmos átomos
Sempre o mesmo eterno
Retorno.

Mostra-me o mesmo ser
Imutável
A mesma alma
Constante
O mesmo perder
Perfeito

Mostra-me frutos incorruptos
Mostra-me o mundo inerte
Congelado no mesmo suco
Que sempre existiu
Retorno.

Mostra-me o congelar de uma onda
Perdida no mesmo mar
Insonte
O mesmo mundo que é
Mundo e sempre foi
E sempre é e
Sempre será
E sempre existiu
Retorno.

Não mintas, ou mente, ou
Sente, ou perde, ou
Inventa, mas mostra-me
O que não muda
Retorno.

Sunday, March 12, 2006

...

Sinto o chão tremer sob os meus pés…
O sexo é uma violência
Rasgando o corpo do amor.
A compaixão é um silêncio.
Todos somos putas
O que nos diferencia é o preço:
Se pagamos com géneros, dinheiro,
Ou com o corpo.
Sujo o corpo é o caixão em que todos os orgasmos
Se enterram.
E as orgias se esquecem dos rostos
De quem as avaliza
O mal é o cobertor que as beatas torcem e retorcem
Com a displicência da luxúria.
A noite é o pretexto.
O álcool o mote
O sono um ladrão
O suor elixir
Os beijos prelúdios
Uma pequena morte envolve os desejos
Uma pequena morte é o sonho…
Almas desgarradas e tristes mentirosas convencionadas
Prostitutas reais
Meretrizes…o vosso preço é diferente
Mas como eu são vendidas
E trocadas
Revendidas
Ao melhor preço
Um lingote de ouro é maior que o amor
Cobertor da nossa besta interior
Eu vendo-me por medo
Á solidão e declaro:
Não sou melhor que tu
Que realizas sonhos ao preço da ostentação!

04\02\03

excertos

Olá. Provavelmente és o fim dos tempos e estás a ler esta carta, provavelmente és tu que acabas-te com o meu sonho de eterno retorno e agora me acenas com a lista dos corpos que compus.
Deixa ver. Sim. No século XXI, no seu início claro estive todo concentrado num ser chamado Miguel, após a minha desintegração, sei que fui parar, entre outras coisas, a um velho plátano que por acaso cobria o meu túmulo. 3 Séculos depois sei que fiz parte do cérebro de um grande pensador, talvez aí tenha cumprido a minha missão.
Esta é interessante. Fiz parte de uma estrela, na constelação de Orionte, mas isso foi quando a memória do homem há muito tinha desaparecido.
Talvez tu me expliques, o meu papel aqui.
Não?!
Mas porquê?
Não me digas que vieste apenas para limpar a poeira cósmica.
Serás deus!
Se fores, fica sabendo que já te abandonei há muito tempo atrás.
É este o juízo final?
Pois fica sabendo, eu sempre fui bom, mas nem sempre tive os melhores motivos, sempre fui justo, mas nunca provei o peso da justiça, a minha consciência é um lençol limpo a embrulhar as minhas acções, mas nem sempre o procurei. Fui perfeito, mas sempre humano. Sujeito à corrupção. Vi passar gente por mim, gente boa, mas sempre passei, até ao ponto em que encontrei o meu próprio destino, e enfrentei a morte.
Passei então o teste?
Fala comigo, demora-te um pouco, eu sei que o universo é finito e acaba numa parede de tijolos, por isso a tarefa é fácil e o dia longo. Fala-me de tempos, tempos idos, que tempos futuros tu eliminas com o passar desse pano que carregas nessa mão.
Quando sobre mim passares esse pano, para todo o sempre me apagar, sabe que o passas sobre podridão. E apagas com esse gesto tanta culpa, como estrelas encontrarás nesta jornada.
Não blasfemes contra a vida, ignora-a sequer.
Cura esta loucura, produtos perenes ao vácuo lançar.
Já te vais? Então põe um último ponto final e atribui um sentido, sequer, a este triste passar.

Sunday, March 05, 2006

the way...

não está errado perder, quando lutamos para além da razão que já esquecemos...

Sê bem vindo ao Jardim eu serei o teu mordomo

um amor que não se esgota, uma vida que não se preenche, o erro em mim e lutar, lutar sempre, enquanto não esgotamos os motivos, frágil até ao desespero, enquanto assisto a um mundo a lutar contra mim, sempre fez sentido com tanto amor para dar, lutar contra mim, atingir, atingir o meu centro, contra mim, o amor contra mim, a razão contra mim, o mais frio punhal da indiferença e orgulho a entrar lentamente na carne, na alma, deixando a dor o sentido, a certeza...

não está errado perder quando sempre se lutou, não está errado deixar cair aquilo que jamais voltará, não está errado sentir o limite e deixá-lo para trás quando se sabe que o melhor de ti, o que sempre fez sentido, é usado contra ti, com frios punhais da indiferença...

and in the end...
there's more in me than life... there's a way...