Sunday, July 31, 2011

kings of medicine

Don't leave me here to pass through time
'cause I, 'cause I..



desta vez não há grande desculpa
apenas uma arma apontada à cabeça e uma necessidade de resposta rápida a pressionar forte contra o céu da boca
bebemos mais um trago de um copo vazio e vamos terminando beatas em cinzeiros já de si demasiado cheios, pode ser por tudo aquilo que fazemos, mas se os nossos olhos insistem em fechar, não há término possível para uma ansiedade muito própria
um pouco como o cão que ouvimos latir à distância sem nos conformarmos com a explicação simples de que tem apenas fome, e que algo, tão grande como o que temos dentro, pode terminar com meia dúzia de ossos e alguma carne agarrada, espalhado de encontro a uma terrina de inox que passou todo o dia vazia
somos nós que continuamos vazios
tão vazios como sempre estivemos sem alimento que chegue para preencher esta fome
sem água pura que chegue para matar esta sede
estamos um pouco fartos de desertos, mais ainda fartos de noites
queremos algo dos dias, queremos algo mais do que pratos vazios

está tudo inacabado como a palavra porquê, estamos fartos de terminar as frases com pontos de interrogação e de passar rápido a mão por teclados, arrancando palavras como quem arranja notas
por deus, estamos fartos
estamos cansados
estamos terminados, tu e eu e mais alguém que se detenha por 2 segundos e se pergunte, como nós perguntamos, se há algum sentido para além da bala mágica que nos espera à idade certa para a colher
somos ou seremos uma flecha em andamento, até que o momento cesse e ela termine no chão
perdoem-me se não me contento com planos incompletos
de tão vazias as coisas, nem lhes conseguimos medir o sentido, nem responder porque estão erradas
somos crianças olhando apenas para um brinquedo partido sem qualquer ideia de como o arranjar
ou para que propósito estava criado
entre o tudo e o nada há-de haver qualquer coisa que nos escapa
qualquer coisa com 21 gramas
qualquer coisa ou qualquer eu, que pertença a outro espaço, que pertença a outro tempo
mas outro eu a que não lhe falte nenhuma peça
nem a outro eu que por falta de eternidade lhe possam chamar de falso
não me digam que a verdade tem de vir hoje, escrita a relevo em latim
ela tarda, chega no segundo anterior ou espera pelo dia a seguir
termina como um cigarro, enrolado e consumido, apagado numa beata, varrido de um chão
mas nunca tarda sobre nós, elevando-nos para além do lixo
e o que deixa para trás, para além de punhos fechados
é tudo o que é mau, tudo o que construimos

somos apenas um sinal menos e na ausência da multiplicação
o que há em nós tem de crescer
sem sonhar sequer numa ascenção em vertical

1 Crossroads:

Blogger Guilherme Navarro said...

Um excelente blog! Voltarei mais vezes.

Abraços do Brasil!

2:15 AM  

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