excertos
Olá. Provavelmente és o fim dos tempos e estás a ler esta carta, provavelmente és tu que acabas-te com o meu sonho de eterno retorno e agora me acenas com a lista dos corpos que compus.
Deixa ver. Sim. No século XXI, no seu início claro estive todo concentrado num ser chamado Miguel, após a minha desintegração, sei que fui parar, entre outras coisas, a um velho plátano que por acaso cobria o meu túmulo. 3 Séculos depois sei que fiz parte do cérebro de um grande pensador, talvez aí tenha cumprido a minha missão.
Esta é interessante. Fiz parte de uma estrela, na constelação de Orionte, mas isso foi quando a memória do homem há muito tinha desaparecido.
Talvez tu me expliques, o meu papel aqui.
Não?!
Mas porquê?
Não me digas que vieste apenas para limpar a poeira cósmica.
Serás deus!
Se fores, fica sabendo que já te abandonei há muito tempo atrás.
É este o juízo final?
Pois fica sabendo, eu sempre fui bom, mas nem sempre tive os melhores motivos, sempre fui justo, mas nunca provei o peso da justiça, a minha consciência é um lençol limpo a embrulhar as minhas acções, mas nem sempre o procurei. Fui perfeito, mas sempre humano. Sujeito à corrupção. Vi passar gente por mim, gente boa, mas sempre passei, até ao ponto em que encontrei o meu próprio destino, e enfrentei a morte.
Passei então o teste?
Fala comigo, demora-te um pouco, eu sei que o universo é finito e acaba numa parede de tijolos, por isso a tarefa é fácil e o dia longo. Fala-me de tempos, tempos idos, que tempos futuros tu eliminas com o passar desse pano que carregas nessa mão.
Quando sobre mim passares esse pano, para todo o sempre me apagar, sabe que o passas sobre podridão. E apagas com esse gesto tanta culpa, como estrelas encontrarás nesta jornada.
Não blasfemes contra a vida, ignora-a sequer.
Cura esta loucura, produtos perenes ao vácuo lançar.
Já te vais? Então põe um último ponto final e atribui um sentido, sequer, a este triste passar.
Deixa ver. Sim. No século XXI, no seu início claro estive todo concentrado num ser chamado Miguel, após a minha desintegração, sei que fui parar, entre outras coisas, a um velho plátano que por acaso cobria o meu túmulo. 3 Séculos depois sei que fiz parte do cérebro de um grande pensador, talvez aí tenha cumprido a minha missão.
Esta é interessante. Fiz parte de uma estrela, na constelação de Orionte, mas isso foi quando a memória do homem há muito tinha desaparecido.
Talvez tu me expliques, o meu papel aqui.
Não?!
Mas porquê?
Não me digas que vieste apenas para limpar a poeira cósmica.
Serás deus!
Se fores, fica sabendo que já te abandonei há muito tempo atrás.
É este o juízo final?
Pois fica sabendo, eu sempre fui bom, mas nem sempre tive os melhores motivos, sempre fui justo, mas nunca provei o peso da justiça, a minha consciência é um lençol limpo a embrulhar as minhas acções, mas nem sempre o procurei. Fui perfeito, mas sempre humano. Sujeito à corrupção. Vi passar gente por mim, gente boa, mas sempre passei, até ao ponto em que encontrei o meu próprio destino, e enfrentei a morte.
Passei então o teste?
Fala comigo, demora-te um pouco, eu sei que o universo é finito e acaba numa parede de tijolos, por isso a tarefa é fácil e o dia longo. Fala-me de tempos, tempos idos, que tempos futuros tu eliminas com o passar desse pano que carregas nessa mão.
Quando sobre mim passares esse pano, para todo o sempre me apagar, sabe que o passas sobre podridão. E apagas com esse gesto tanta culpa, como estrelas encontrarás nesta jornada.
Não blasfemes contra a vida, ignora-a sequer.
Cura esta loucura, produtos perenes ao vácuo lançar.
Já te vais? Então põe um último ponto final e atribui um sentido, sequer, a este triste passar.