Friday, August 31, 2007

Quais são as memórias que tenho de ti?
Antes dos caminhos divergirem como sempre divergem, quando na mesma cidade nunca tivemos mais do que um encontro ocasional, quando escolheste a tua vida formatada, regrada e produtiva e eu escolhi desfazer-me aos bocadinhos lançado para os lados do caminho.
Existirão memórias?
Ou aquele sentimento venenoso de inveja, por seres sempre o preferido das familias, com o teu sorriso branco impecável, a tua moral do trabalho e o teu percurso sem espinhas.
Ou aquele sentimento perverso de submissão, por eu ser o contrário, ou uma cópia falsa de um original.
Eu não tenho sequer uma memória de ti.
Mas tenho-te na minha pele, uma cicatriz, que me vai lembrar sempre de ti até ao fim dos dias.
E agora que parece que queres encurtar os teus...
Faz-me uma outra cicatriz para provar que estás aqui...

Porque eu sou parvo e nunca te disse... mas quando fiquei sem veneno e cresci para ser criança outra vez... eu tenho tanto orgulho em ti...
Ainda te vou dizer isso outra vez não vou?