Sócrates, és o Maior!!!
Estou garantido para a vida!
Eu que até fui moço para andar a xingar das medidas do governo, tenho de aproveitar a oportunidade para lhes tirar o chapéu!
Não é que o inginheiro e a sua troupe se lembraram de me garantir o futuro?! Eu já desconfiava que me queriam bem desde as várias milenas de euros que salutarmente depositaram na minha conta para eu não fazer um caralho, mas desta vez excederam-se... obrigado camaradas!
Isto a propósito dessa ideia fabulástica das avaliações de desempenho, ao que parece duas avaliações negativas em anos consecutivos dão direito a carta de despedimento, e o melhor é que não tem limite, o avaliador pode escolher 10, 20 ou mesmo 30 coleguinhas para por no olho da rua, que não há cá lérias. Diz que os sindicatos protestam, mas isso não me assusta, a casmurrice deste governo é garantia de que, uma vez lançada a ideia, não há cá paneleirices de volta atrás.
Isto assusta muita gente, mas a mim, deixa-me radiante!!! Afinal sou filho e afilhado de proeminentes funcionários públicos que vão avaliar vários funcionários menores, coisa que muito me apraz e passo a explicar porquê.
Mesmo antes desta brilhante ideia, já sentia aquele orgulho familiar por minha mãe aparecer frequentemente em casa com as mãos carregadas de produtos vários. Não é por nada, mas sentia aquele gostinho especial de no Natal se multiplicarem as ofertas de géneros vários, provenientes de pessoas que nunca vi na minha vida! Claro que tal prática poderia assumir contornos de corrupção, mas como sou um bom filho, os ofertantes sublinhavam que a oferta se destinava ao menino que tinha lá em casa mesmo que a oferta fosse uma garrafa de vinho do Porto e eu fosse menor de idade. Como não sou cá menino para engolir qualquer coisa sublinhei desde logo a preferência por este ou por aquele produto, como nunca fui muito à bola com doces, vi que sabiamente o esquema ofertório passava para coisas com mais substância como enchidos diversos, couves e rabas para o Natal, e no tempo deles, uns kilitos de tortulhos que faziam as minhas delicias. Para não parecer muito esquisito também não virava a cara às grades de frutas, quinquilharias e peças de ouro variadas. Afinal a cavalo dado não se olha o dente.
Mas esta panóplia carecia muitas vezes de constância, e o que era pior, carecia de feriados religiosos vários para se consubstanciar. Graças a deus que isto é um país de católicos! Mas não há fome que não dê em fartura, e ao que parece, por brilhante iniciativa deste governo, a minha Mãe e Padrinhos vão passar a avaliadores. Na senda da identidade Portuguesa, já previ que nada melhor que uma avaliação para se multiplicarem os gestos de boa vontade para com o avaliador! Aliás, como gajo previdente que sou, já tenho a lista preparada para os géneros que podem ter impacto positivo e aqueles que podem gerar surpresas desagradáveis.
Ah e tal, que a minha mãe já se preparava para o monopólio das ofertas. Não pode ser, lembrei insistentemente à minha mãe que os ofertantes sublinham claramente que a oferta é para o menino, e que só este pode com astúcia, colocar a cunha no lugar certo para elevar a nota avaliativa. Não há cá tangas, afinal sou filho único cioso do meu poderio. Que vá tirando a ideia dos presuntos, das couves e dos frangos caseiros que estes já têm dono!
E mais uma vez a minha Mãe contrapõe que ela também tem de ser avaliada e convém untar as mãos ao avaliador. Mau. Aí tive que ceder. Mas como sou também um homem pragmático lembrei logo ali que havia só um avaliador e muitos avaliados, por isso propus guardar uma quota das ofertas, prái uns 25% da ofertas recebidas para que ela compusesse o ramalhete ao seu avaliador. Não é que seja muito justo mas considerei que no geral até é um bom negócio, integrando esses 25% na rúbrica "despesas de representação".
E de qualquer modo, se antes das avaliações as ofertas eram significativas, muito mais serão agora com as avaliações. Sonhando alto, se antes eram presuntos, depois podem ser porcos, onde antes havia couves, agora podem também aparecer cenouras, cebolas e sacos de batatas, enfim sonhando alto se já ofereciam tortulhos, pode ser que apareçam também um míscarozitos para compor melhor o prato.
Tal cogitação inclusivamente permitiu o surgimento de um plano de acção, digamos que o primeiro avaliado que oferecer a arca frigorífica para as verduras e o talão de desconto do matadouro para as matanças de porcos e galinhas, tem um avaliação que lhe permitirá chegar a chefe digamos nos seguintes 5 anos. Os outros podem continuar a sonhar que o naco de vitela barrosã oferecida seja de tal quilate que me leve a ponderar sobrepor à cunha o macaco projectando-os para uma carreira de sucesso.
Mas acautelem-se, que se as couves tiverem bicho, está o caldo entornado! Irão tão depressa para os supranumerários que nem tempo terão de plantar a próxima colheita!
Sócrates, obrigado pá, com esta é que eu não contava, depois de me tirares as urgências ofereces-me tal contrapartida que já está tudo esquecido! És o meu inginheiro de eleição, conta com o meu voto!!!
Um abraço!
P.S. depois eu ligo a dizer se as chouriças eram boas, se forem envio uma ao teu cuidado para ti e para a tua esposa.
Sempre a surpreender-nos esse Sócrates.
Relativamente ao teu comentário, um livro? Ahah, isso é demais para mim, eu sou só um tipo que vai escrevendo umas coisas. ;D
Um abraço.
eheh em gd, dani! n te esqueças de dar a provar os produtos de avaliaçao aos amigos :p
abxo
Quanto aos doces, não há problema. Podes sempre reencaminhá-los para mim:) (dispenso os da cozinha minhota....)
Eheh, já tenho a vaquinha feita...O ramalhete compõe-se:
Um grande abxo Paulie partilharemos o saque na patuscada da subida do Leixões ;)
um beijo Different, prometo reservar os doces :P