La Décadence...
On va parler en Français, parce que c'est la plus beaux langue to dire,
La Décadence,
Já não olho para trás porque tenho medo de tropeçar nos meus próprios pés se o fizer. O caminho faz-se inexoravelmente para a frente, num passo ritmado e não confio particularmente em mim, ou nos meus próprios passos, para desviar o olhar do meu próximo objectivo que é somente aquela nesga de terra em frente onde o meu pé caiba para dar o próximo passo.
Interrompo a corrida para um café descontraído numa tarde de Inverno onde coube o sol. Mexo vagarosamente o café maldizendo a puta da lei que num café vazio não me permite agarrar um cigarro para o acomodar o estômago. Assim resta-me aquele travo amargo do qual me quero desprender no fundo da língua, que irritantemente transforma o meu discurso numa coisa muito mais vagarosa que não condiz comigo. Por um lado é bom, penso eu, permite-me pesar as palavras, nos dias que correm a nossa mão não pode ser muito ávida a agarrá-las podendo cair decepada pela lâmina afiada de uma condescendência paternalista que nos rebaixa.
Falamos de banalidades, como cinema... ou futebol... ou até mesmo gajas... noutro dia (seria noutro tempo talvez) ainda as trataria como iguais, mas não, resta-me aquela ponta de cinismo solitário, amargo talvez, por não compreender as preocupações comezinhas de quem faz de lugares comuns o ponto fulcral a partir do qual irradia a existência. Mas a nossa mente, resvalava perigosamente para esse olhar despretencioso a partir do qual perpectivamos as coisas.
Loucas, repetia eu, insistentemente, perante a ainda resistente esperança de quem espera mais da vida, loucas, as pessoas são loucas, enquanto inumerava histórias e desvendava motivações, encenando um palco, dispondo as luzes e os adereços, por acaso quero ser ministro de uma religião anti-social por não me adequar ao mundo?
Talvez num outro mundo, ou noutro tempo, tivesse eu a consciência para tal, e revoltar-me-ia com aquela indolência de final da tarde, com os matizes cinzentos com que ainda perspectivávamos as coisas apesar do dia estar de sol. Mas como sou, como sou, pergunto-me a mim mesmo sem achar resposta, ou mesmo sem achar resposta no interlocutor, quem nos ensinou a nós o cinismo ou a maldade, a hipocrisia e a falsidade. Mais do que isso, perguntaria se achasse que por acaso existe uma resposta para isso, o que nos levou a aceitar essas lições como verdadeiras e válidas integrando-as em nós?
Será só desilusão, ou tão só, falta de esperança?
A melhor resposta para isso reside naquele travo, como o do café proibíndo o cigarro, de injustiça que nos parece perseguir como um fantasma.
Crescemos acreditando que a um esforço válido se seguiria uma recompensa proporcional. Como a escalada dificil a uma figueira arriscando a repreensão do nosso avô, somente porque no topo estariam aqueles figos pretos a adquirir negrume bastante para fazerem deles um fruto não excessivamente doce.
No mundo real, ou da gente grande, como lhe quiserem chamar, não abundam recompensas, abunda, isso sim, frutos esparsos, apetecíveis, mas sem ramos para lá chegar que não os da sorte, fortuna, influências ou status. E a esses, caro amigo, de pouco vale o esforço ou compaixão.
E não se fazem de queixas os nossos dias, mas de uma cristianíssima vontade de dar a outra face.
Se depois de outro estalo, outro estalo se segue, resta-nos uma última tentativa do orgulho para permanecer de pé, e uma solidariedade bastante que nos compele a bater com a mão no ombro do nosso amigo e dizer-lhe:
"tu já passaste por muito..."
Um abraço sentido.
\me on god is an astronaut "far from refuge"
La Décadence,
Já não olho para trás porque tenho medo de tropeçar nos meus próprios pés se o fizer. O caminho faz-se inexoravelmente para a frente, num passo ritmado e não confio particularmente em mim, ou nos meus próprios passos, para desviar o olhar do meu próximo objectivo que é somente aquela nesga de terra em frente onde o meu pé caiba para dar o próximo passo.
Interrompo a corrida para um café descontraído numa tarde de Inverno onde coube o sol. Mexo vagarosamente o café maldizendo a puta da lei que num café vazio não me permite agarrar um cigarro para o acomodar o estômago. Assim resta-me aquele travo amargo do qual me quero desprender no fundo da língua, que irritantemente transforma o meu discurso numa coisa muito mais vagarosa que não condiz comigo. Por um lado é bom, penso eu, permite-me pesar as palavras, nos dias que correm a nossa mão não pode ser muito ávida a agarrá-las podendo cair decepada pela lâmina afiada de uma condescendência paternalista que nos rebaixa.
Falamos de banalidades, como cinema... ou futebol... ou até mesmo gajas... noutro dia (seria noutro tempo talvez) ainda as trataria como iguais, mas não, resta-me aquela ponta de cinismo solitário, amargo talvez, por não compreender as preocupações comezinhas de quem faz de lugares comuns o ponto fulcral a partir do qual irradia a existência. Mas a nossa mente, resvalava perigosamente para esse olhar despretencioso a partir do qual perpectivamos as coisas.
Loucas, repetia eu, insistentemente, perante a ainda resistente esperança de quem espera mais da vida, loucas, as pessoas são loucas, enquanto inumerava histórias e desvendava motivações, encenando um palco, dispondo as luzes e os adereços, por acaso quero ser ministro de uma religião anti-social por não me adequar ao mundo?
Talvez num outro mundo, ou noutro tempo, tivesse eu a consciência para tal, e revoltar-me-ia com aquela indolência de final da tarde, com os matizes cinzentos com que ainda perspectivávamos as coisas apesar do dia estar de sol. Mas como sou, como sou, pergunto-me a mim mesmo sem achar resposta, ou mesmo sem achar resposta no interlocutor, quem nos ensinou a nós o cinismo ou a maldade, a hipocrisia e a falsidade. Mais do que isso, perguntaria se achasse que por acaso existe uma resposta para isso, o que nos levou a aceitar essas lições como verdadeiras e válidas integrando-as em nós?
Será só desilusão, ou tão só, falta de esperança?
A melhor resposta para isso reside naquele travo, como o do café proibíndo o cigarro, de injustiça que nos parece perseguir como um fantasma.
Crescemos acreditando que a um esforço válido se seguiria uma recompensa proporcional. Como a escalada dificil a uma figueira arriscando a repreensão do nosso avô, somente porque no topo estariam aqueles figos pretos a adquirir negrume bastante para fazerem deles um fruto não excessivamente doce.
No mundo real, ou da gente grande, como lhe quiserem chamar, não abundam recompensas, abunda, isso sim, frutos esparsos, apetecíveis, mas sem ramos para lá chegar que não os da sorte, fortuna, influências ou status. E a esses, caro amigo, de pouco vale o esforço ou compaixão.
E não se fazem de queixas os nossos dias, mas de uma cristianíssima vontade de dar a outra face.
Se depois de outro estalo, outro estalo se segue, resta-nos uma última tentativa do orgulho para permanecer de pé, e uma solidariedade bastante que nos compele a bater com a mão no ombro do nosso amigo e dizer-lhe:
"tu já passaste por muito..."
Um abraço sentido.
\me on god is an astronaut "far from refuge"
Tás numa fase negra mas de boa escrita!