The movie on your eyelids
Podemos os dois andar a procurar a mesma coisa, um pouco de calor no final de um dia frio, ou uma lareira onde queimar, abraçados, as tralhas que vamos coleccionando dos dias.
Podíamos encontrar o que procuramos naquele fim de dia, frio como não podia deixar de ser. Podíamos encontrar alguma coisa ali, mais do que o meu ombro duro onde encostavas a cabeça podias pedir, ou simplesmente deixar, que te acariciasse o cabelo com a ponta dos meus dedos, podias deixar que o tempo passasse sobre nós... podias simplesmente deixar que o amanhã viesse para te encontrar no mesmo lugar, abraçada a mim... e eu podia, claro, da minha parte, rasgar o véu que nos separa e convidar-te para ficar... pois se todo o meu corpo pede a tua vida, não estranhas que as palavras se atropelem para sair, tingindo o céu da boca com um sabor mais amargo do que este cigarro que seguro na mão?
Podíamos, pois claro, os dias são cheios de possibilidades, mas não para nós. Vê-mo-las nos outros, passando de acaso em acaso até encontrarem o momento certo. Mas se tu não o dizes, digo-o eu, e porque não? Se as nossas ironias se fazem de punhos fechados e esperas inúteis, se as nossas ironias se cristalizam em frente a edifícios antigos, ganhando a cor cinzenta das estátuas e o inevitável pó que as acompanha, se as nossas ironias existem, porque não existirão respostas?
E a resposta é essa. A resposta é ambos sabermos, tão bem como nos conhecemos, que no fundo, no fundo, não procuramos calor, procuramos um eterno sonho perdido na parte de trás da nossa mente, procuramos a imagem por detrás dos nossos olhos e com isto, nunca saberemos ver quem temos à nossa frente.
Brinco contigo, mas é só de raiva. Raiva por me saber vencido por uma ideia, raiva por te deixar perder por outra. Rio-me um pouco. Afinal, ao final do dia, ainda conservamos o calor, no meu ombro ainda está impresso o teu perfil e no teu cabelo ainda persiste o meu cheiro, mas na altura em que nos despedimos, meu amor, vamos, cada um para seu lado, procurar uma data de moinhos para combater.
Preferimos assim, e está muito certo, sabemos excessivamente bem o que queremos e não nos contentamos com menos.
O teu cavaleiro branco chegará numa noite azul, e a tua história de vida não terá mais que um ponto final.
Para mim, que quero uma ideia, tudo isso me parece estranho, um pouco absurdo talvez.
Mas no fim do dia, estando ambos sozinhos, percebo, tão bem como tu, que nos apaixonamos demais pela nossa ideia de amor... tanto mesmo que em nós não restou mais espaço para acolher o outro, ao final de um dia frio, num Inverno qualquer.
Podíamos encontrar o que procuramos naquele fim de dia, frio como não podia deixar de ser. Podíamos encontrar alguma coisa ali, mais do que o meu ombro duro onde encostavas a cabeça podias pedir, ou simplesmente deixar, que te acariciasse o cabelo com a ponta dos meus dedos, podias deixar que o tempo passasse sobre nós... podias simplesmente deixar que o amanhã viesse para te encontrar no mesmo lugar, abraçada a mim... e eu podia, claro, da minha parte, rasgar o véu que nos separa e convidar-te para ficar... pois se todo o meu corpo pede a tua vida, não estranhas que as palavras se atropelem para sair, tingindo o céu da boca com um sabor mais amargo do que este cigarro que seguro na mão?
Podíamos, pois claro, os dias são cheios de possibilidades, mas não para nós. Vê-mo-las nos outros, passando de acaso em acaso até encontrarem o momento certo. Mas se tu não o dizes, digo-o eu, e porque não? Se as nossas ironias se fazem de punhos fechados e esperas inúteis, se as nossas ironias se cristalizam em frente a edifícios antigos, ganhando a cor cinzenta das estátuas e o inevitável pó que as acompanha, se as nossas ironias existem, porque não existirão respostas?
E a resposta é essa. A resposta é ambos sabermos, tão bem como nos conhecemos, que no fundo, no fundo, não procuramos calor, procuramos um eterno sonho perdido na parte de trás da nossa mente, procuramos a imagem por detrás dos nossos olhos e com isto, nunca saberemos ver quem temos à nossa frente.
Brinco contigo, mas é só de raiva. Raiva por me saber vencido por uma ideia, raiva por te deixar perder por outra. Rio-me um pouco. Afinal, ao final do dia, ainda conservamos o calor, no meu ombro ainda está impresso o teu perfil e no teu cabelo ainda persiste o meu cheiro, mas na altura em que nos despedimos, meu amor, vamos, cada um para seu lado, procurar uma data de moinhos para combater.
Preferimos assim, e está muito certo, sabemos excessivamente bem o que queremos e não nos contentamos com menos.
O teu cavaleiro branco chegará numa noite azul, e a tua história de vida não terá mais que um ponto final.
Para mim, que quero uma ideia, tudo isso me parece estranho, um pouco absurdo talvez.
Mas no fim do dia, estando ambos sozinhos, percebo, tão bem como tu, que nos apaixonamos demais pela nossa ideia de amor... tanto mesmo que em nós não restou mais espaço para acolher o outro, ao final de um dia frio, num Inverno qualquer.