Fake Plastic Trees
Há constipações que se fazem assim.
Em parques de estacionamento lotados, sob um sol inclemente e uma brisa gelada.
É também assim que o Verão se despede de mim e dá lugar ao Outono. De noite vem de mansinho, arrepiar-me a nuca na varanda, enquanto acendo o último cigarro do dia, mas não se despede, antes brinca comigo, no dia a seguir nega que passou por aqui e apresenta-me uma madrugada esplendorosa, fácil para eu espantar o meu sono.
E também há dias que se fazem assim, sob o calor, em palavras entrelaçadas que de certo modo se misturam e se confundem com o curso de água que corre sob os nossos pés.
E de certa forma podemos estar nús, sem nos importar o frio, de certa forma poderemos pensar que o tempo se deteve para nós e não temos qualquer obrigação a que atender passado meia hora. De certa forma, poderemos pensar que seremos o que somos, poderemos pensar que o que trouxermos para ali só vai fazer de nós pessoas mais fortes e imunes à saudade.
Reconfortamos o ego com promessas eternas de tentarmos sempre fazer a coisa certa. E nos intervalos, vamos enumerando e etiquetando, todos os nossos erros. Vamos prometer corrigir a mão, ser fortes, capazes, independentes, livres, vamos lançando virtudes ao ar como fogo de artífício e não iremos embora, quando o espectáculo acabar e só nós dois restarmos em cena, ainda assim vamos estar lá para chorar no ombro um do outro as outras tantas vezes em que fomos fracos.
No final, digo eu, como promessa, vou fazer a coisa certa e resistir à saudade. Vou fingir, quando não for capaz de acreditar,que acredito mesmo no que digo, sem perceber que são anos e anos e ainda mais anos de coincidências e armadilhas a preparar o terreno para eu falhar.
Tudo começa quando a gente acredita, respondes-me tu, prometendo vida. Replico-te que tudo termina quando a gente deixa de acreditar. Não dizes nada mas entre nós fica a pairar como uma névoa a palavra porquê... enquanto fazemos das reticências pontos de interrogação, e dos pontos de interrogação reticências vamos desejando, frustrados, um melhor destino a quem queremos bem.
São moinhos de vento, ou são fantasmas, respondo eu, são as nossas lutas diárias, são o nosso próprio peso morto que carregamos às costas, mas sempre, sempre querendo fazer o bem...
E um dia chegaremos ao sol, quando descobrirmos em nós a alquimia certa da cera que prende as nossas asas falsas, um dia chegaremos ao sol, e entretanto, vamo-nos consolando um ao outro, num parque de estacionamento lotado, sob um sol inclemente e um arrepio de frio, que a saudade mata-nos, a saudade faz-nos errar, mas ainda é ela que nos mantém vivos quando em nós termina qualquer promessa de amor.
Em parques de estacionamento lotados, sob um sol inclemente e uma brisa gelada.
É também assim que o Verão se despede de mim e dá lugar ao Outono. De noite vem de mansinho, arrepiar-me a nuca na varanda, enquanto acendo o último cigarro do dia, mas não se despede, antes brinca comigo, no dia a seguir nega que passou por aqui e apresenta-me uma madrugada esplendorosa, fácil para eu espantar o meu sono.
E também há dias que se fazem assim, sob o calor, em palavras entrelaçadas que de certo modo se misturam e se confundem com o curso de água que corre sob os nossos pés.
E de certa forma podemos estar nús, sem nos importar o frio, de certa forma poderemos pensar que o tempo se deteve para nós e não temos qualquer obrigação a que atender passado meia hora. De certa forma, poderemos pensar que seremos o que somos, poderemos pensar que o que trouxermos para ali só vai fazer de nós pessoas mais fortes e imunes à saudade.
Reconfortamos o ego com promessas eternas de tentarmos sempre fazer a coisa certa. E nos intervalos, vamos enumerando e etiquetando, todos os nossos erros. Vamos prometer corrigir a mão, ser fortes, capazes, independentes, livres, vamos lançando virtudes ao ar como fogo de artífício e não iremos embora, quando o espectáculo acabar e só nós dois restarmos em cena, ainda assim vamos estar lá para chorar no ombro um do outro as outras tantas vezes em que fomos fracos.
No final, digo eu, como promessa, vou fazer a coisa certa e resistir à saudade. Vou fingir, quando não for capaz de acreditar,que acredito mesmo no que digo, sem perceber que são anos e anos e ainda mais anos de coincidências e armadilhas a preparar o terreno para eu falhar.
Tudo começa quando a gente acredita, respondes-me tu, prometendo vida. Replico-te que tudo termina quando a gente deixa de acreditar. Não dizes nada mas entre nós fica a pairar como uma névoa a palavra porquê... enquanto fazemos das reticências pontos de interrogação, e dos pontos de interrogação reticências vamos desejando, frustrados, um melhor destino a quem queremos bem.
São moinhos de vento, ou são fantasmas, respondo eu, são as nossas lutas diárias, são o nosso próprio peso morto que carregamos às costas, mas sempre, sempre querendo fazer o bem...
E um dia chegaremos ao sol, quando descobrirmos em nós a alquimia certa da cera que prende as nossas asas falsas, um dia chegaremos ao sol, e entretanto, vamo-nos consolando um ao outro, num parque de estacionamento lotado, sob um sol inclemente e um arrepio de frio, que a saudade mata-nos, a saudade faz-nos errar, mas ainda é ela que nos mantém vivos quando em nós termina qualquer promessa de amor.