3ª saída em roxo
Por tudo o que se passa...
Por tudo o que se passa podemos ter um vislumbre do futuro e descobrir que nele já não há espaço para a esperança, que tudo o que podemos obter desta vida são migalhas, desfortúnios, e certezas de que algo está para vir havendo em nós a confirmação secreta que nunca estaremos preparados para as receber.
Fazemos um balanço, sentados num carro a toda a velocidade tendo ao lado alguém que deixamos de conhecer. Nuns instantes breves, enquanto ultrapassamos um carro e curvamos à direita na direcção da saída que pretendemos tomar, fazemos uma lista, e esperamos que o balanço final entre o deve e o haver seja quanto baste para nos manter à tona, para nos deixar lutar um outro dia, ou pelo menos para nos dar coragem para desistir a tempo das lutas que tomamos como perdidas.
Aí desejamos (como poderíamos desejar outra coisa?) que sair enquanto ganhamos é a última vitória possível, ou pelo menos não é uma derrota, pelo menos não é um nó que damos à nossa vida.
De repente expressamos essa ideia, queremos sair entre loas, deixar saudade para trás, mas porque algo nos prende temos que ouvir essas palavras atingirem-nos como punhos fechados, enquanto mordemos a língua para não repetir o nosso desejo.
Anos mais tarde tropeço em ti, no canto de uma página de jornal, saíste como eu deveria ter saído, mas ainda assim são lágrimas as que me escapam e não o sorriso que se desenha por ti. Poderia elogiar-te a coragem, a integridade, a força, mas o que nos separa é tão grande como todas as coisas que separam o tudo do nada, o que nos separa, e o que nunca nos unirá, é o desejo que tenho de te dar vida, trocarmos o destino, ou trocar-mos as palavras.
Mas nunca, a um ser humano, se desejaria umas reticências para uma vida que deveria ter um ponto final.
Por isso e por outras tantas razões não trocaremos de destino, nem eu o desejo assim. Numa noite foste um fogo que brilhou e se extinguiu sem nunca desvanecer, não te farei acompanhar-me até de madrugada para de nós nada restar para além de cinza. Os destinos fazem-se à medida de quem os merece, hoje tropecei em ti, cheguei tarde e sem inveja, não me atrevo a escolher, não serei egoísta, digo-te apenas "tira de mim o que precisares" e saberás ou não voltar para quem te ama.
a TA
Por tudo o que se passa podemos ter um vislumbre do futuro e descobrir que nele já não há espaço para a esperança, que tudo o que podemos obter desta vida são migalhas, desfortúnios, e certezas de que algo está para vir havendo em nós a confirmação secreta que nunca estaremos preparados para as receber.
Fazemos um balanço, sentados num carro a toda a velocidade tendo ao lado alguém que deixamos de conhecer. Nuns instantes breves, enquanto ultrapassamos um carro e curvamos à direita na direcção da saída que pretendemos tomar, fazemos uma lista, e esperamos que o balanço final entre o deve e o haver seja quanto baste para nos manter à tona, para nos deixar lutar um outro dia, ou pelo menos para nos dar coragem para desistir a tempo das lutas que tomamos como perdidas.
Aí desejamos (como poderíamos desejar outra coisa?) que sair enquanto ganhamos é a última vitória possível, ou pelo menos não é uma derrota, pelo menos não é um nó que damos à nossa vida.
De repente expressamos essa ideia, queremos sair entre loas, deixar saudade para trás, mas porque algo nos prende temos que ouvir essas palavras atingirem-nos como punhos fechados, enquanto mordemos a língua para não repetir o nosso desejo.
Anos mais tarde tropeço em ti, no canto de uma página de jornal, saíste como eu deveria ter saído, mas ainda assim são lágrimas as que me escapam e não o sorriso que se desenha por ti. Poderia elogiar-te a coragem, a integridade, a força, mas o que nos separa é tão grande como todas as coisas que separam o tudo do nada, o que nos separa, e o que nunca nos unirá, é o desejo que tenho de te dar vida, trocarmos o destino, ou trocar-mos as palavras.
Mas nunca, a um ser humano, se desejaria umas reticências para uma vida que deveria ter um ponto final.
Por isso e por outras tantas razões não trocaremos de destino, nem eu o desejo assim. Numa noite foste um fogo que brilhou e se extinguiu sem nunca desvanecer, não te farei acompanhar-me até de madrugada para de nós nada restar para além de cinza. Os destinos fazem-se à medida de quem os merece, hoje tropecei em ti, cheguei tarde e sem inveja, não me atrevo a escolher, não serei egoísta, digo-te apenas "tira de mim o que precisares" e saberás ou não voltar para quem te ama.
a TA