Daniel's Twist
Novo momento culinário, a partir de agora será 1 por mês, o próximo vai ser uma sobremesa!
Cozinhar, para mim, é relaxante, divirto-me a preparar coisas e a inventar, poucas pessoas fazem ou apreciam mas na minha perspectiva preparar uma refeição a alguém, com todo o esmero e perfeição, pode ser das maiores provas de afecto que se pode ter.
Nem sempre tenho o tempo, ou os ingredientes que gostaria, mas nos meus bons dias encaro a cozinha como um espaço de descontracção e de improvisação, tenho para tal uma filosofia própria e a receita de hoje pode não ser muito original mas é sugestiva. Ah, e já agora, bom apetite!
Em primeiro lugar, comer alguma coisa não se resume a estimular o palato. Quanto a isso recordo-me de certa velhota, com quem aprendi muitas coisas, que me dizia apontando sugestivamente para o pescoço "daqui para baixo, é tudo merda!". Uma refeição deve ser "saboreada" com todos os sentidos, sendo que o paladar é muitas vezes o último. A cor, as texturas, o odor, e a consistência dos alimentos deve ser combinada de modo a produzir o maior efeito. Um bom exemplo, são as minhas saladas!
1. Começo por preparar uma base simples, que servirá para múltiplas combinações. A alface para mim é primordial, porque é fresca, tem uma consistência apropriada e uma cor viva que fica a matar. Depois de lavada costumo sobrepor várias folhas, sendo que a segunda terá a "raiz" disposta em sentido contrário à primeira, a terceira com o mesmo sentido que a primeira, e assim sucessivamente. Quando termino, enrolo as folhas de alface e vou cortando, a mesma coisa que faria com as couves do caldo verde mas um pouco mais grossas. E é só isto, basta colocá-las numa taça funda. Para não partir a alface convém que a faca esteja muito bem afiada, se não estiver vamos acabar por esmagar a alface e esta fica mole, o que não é muito agradável.
1.1. Combinações!
1.1.1. Tomate, é um clássico. Costumo cortá-lo em cubos pequeninos, fica mais agradável à vista e mistura-se bem com a alface. Mas é ácido, por isso costumo cortar essa acidez com quadradinhos de maças verdes, fica perfeito porque este é um fruto doce, sumarento e é "estaladiço" ou seja, não cede facilmente quando o trincamos, o que fica muito bem quando o tomate já está maduro e é um pouco mole. Outras combinações podem incluir passas, o que é menos interessante porque tem uma consistência esquisita e tornam a salada pastosa, apesar de ser um fruto muito oleoso e perfumado; milho doce, que eu detesto; ou uvas, são sumarentas mas também têm uma consistência esquisita.
1.1.2. Este é dos meus preferidos. Quadradinhos de laranja, porque é sumarenta e ácida, eu dou-me ao trabalho de tirar todas as "peles" e caroços mas dá muito trabalho; Uvas, descaroçadas e peladas, porque são sumarentas e doces; quadradinhos de melancia, mas mesmo da má, daquela que é só água e não é nada doce, porque do que eu gosto mesmo é de sentir a sua consistência "estaladiça" e uma explosão de água quando trincamos, porque dá aquela uma sensação de "frescura"; Manga ou Papaia, por serem exóticos e doces; cenoura ralada, eu acho que os raladores esmagam demasiado a cenoura, por isso dou-me ao trabalho de com uma faquinha afiada cortar tiras fininhas, sobretudo pela cor e consistência.
1.1.3. Mais para o Inverno. Couves de Bruxelas partidas a meio, porque têm um sabor estranho mas que se entranha; cenoura ralada, eu preciso de algo estaladiço pelo meio e a alface não me chega; passas, porque são doces, pastosas e muito perfumadas;
1.1.4. Inventem. Utilizo frequentemente e sugiro, pelos mesmos motivos, nozes, feijão verde, pimento assado, pickles, ovo cozido... se quiserem fazer uma salada para refeição e não dispensam proteínas animais podem utilizar atum, frango desfiado, whatever.
2. La pièce de resistance: condimentos.
2.1. Azeite. Virgem extra, de muito boa qualidade, praticamente o produto de azeitonas esmagadas e com nada de refinação. Só assim temos algo para acentuar os sabores sem os diluir, e muito importante, une os elementos, perfuma e dá um brilho especial realçando as cores, sobretudo quando utilizamos fruta.
2.2. Ervas aromáticas. É o que preferirem, mas a mim ninguém me tira a erva-doce, os orégãos, a pimenta, a noz-moscada, e para saladas mais refrescantes sobretudo no Verão hortelã-pimenta picada muito finamente.
2.3. Não utilizo vinagre nunca, porque tem um cheiro péssimo capaz de estragar qualquer salada. Quando utilizo legumes ou frutas ácidas não coloco nada, se achar que a salada está muito doce, acrescento umas gotas de limão.
NOTA: prepararem os condimentos à parte e só os coloquem na hora de servir, primeiro porque ninguém gosta de uma salada melada e segundo porque só assim garantem que o "tempero" é homogéneo.
Agora imaginem:
A cor verde da alface misturando-se com a cor vermelho viva do tomate, com o garrido das frutas.
O cheiro delicado do azeite, com o aroma ácido das laranjas, ou o adocicado das passas.
Sintam e ouçam a textura da melancia quebrar enquanto a trincam e a sentem explodir dentro da boca.
E por fim, e só no fim, é que o palato entra e saboreia!
Experimentem, sugiram e contem como foi!
Cozinhar, para mim, é relaxante, divirto-me a preparar coisas e a inventar, poucas pessoas fazem ou apreciam mas na minha perspectiva preparar uma refeição a alguém, com todo o esmero e perfeição, pode ser das maiores provas de afecto que se pode ter.
Nem sempre tenho o tempo, ou os ingredientes que gostaria, mas nos meus bons dias encaro a cozinha como um espaço de descontracção e de improvisação, tenho para tal uma filosofia própria e a receita de hoje pode não ser muito original mas é sugestiva. Ah, e já agora, bom apetite!
Em primeiro lugar, comer alguma coisa não se resume a estimular o palato. Quanto a isso recordo-me de certa velhota, com quem aprendi muitas coisas, que me dizia apontando sugestivamente para o pescoço "daqui para baixo, é tudo merda!". Uma refeição deve ser "saboreada" com todos os sentidos, sendo que o paladar é muitas vezes o último. A cor, as texturas, o odor, e a consistência dos alimentos deve ser combinada de modo a produzir o maior efeito. Um bom exemplo, são as minhas saladas!
1. Começo por preparar uma base simples, que servirá para múltiplas combinações. A alface para mim é primordial, porque é fresca, tem uma consistência apropriada e uma cor viva que fica a matar. Depois de lavada costumo sobrepor várias folhas, sendo que a segunda terá a "raiz" disposta em sentido contrário à primeira, a terceira com o mesmo sentido que a primeira, e assim sucessivamente. Quando termino, enrolo as folhas de alface e vou cortando, a mesma coisa que faria com as couves do caldo verde mas um pouco mais grossas. E é só isto, basta colocá-las numa taça funda. Para não partir a alface convém que a faca esteja muito bem afiada, se não estiver vamos acabar por esmagar a alface e esta fica mole, o que não é muito agradável.
1.1. Combinações!
1.1.1. Tomate, é um clássico. Costumo cortá-lo em cubos pequeninos, fica mais agradável à vista e mistura-se bem com a alface. Mas é ácido, por isso costumo cortar essa acidez com quadradinhos de maças verdes, fica perfeito porque este é um fruto doce, sumarento e é "estaladiço" ou seja, não cede facilmente quando o trincamos, o que fica muito bem quando o tomate já está maduro e é um pouco mole. Outras combinações podem incluir passas, o que é menos interessante porque tem uma consistência esquisita e tornam a salada pastosa, apesar de ser um fruto muito oleoso e perfumado; milho doce, que eu detesto; ou uvas, são sumarentas mas também têm uma consistência esquisita.
1.1.2. Este é dos meus preferidos. Quadradinhos de laranja, porque é sumarenta e ácida, eu dou-me ao trabalho de tirar todas as "peles" e caroços mas dá muito trabalho; Uvas, descaroçadas e peladas, porque são sumarentas e doces; quadradinhos de melancia, mas mesmo da má, daquela que é só água e não é nada doce, porque do que eu gosto mesmo é de sentir a sua consistência "estaladiça" e uma explosão de água quando trincamos, porque dá aquela uma sensação de "frescura"; Manga ou Papaia, por serem exóticos e doces; cenoura ralada, eu acho que os raladores esmagam demasiado a cenoura, por isso dou-me ao trabalho de com uma faquinha afiada cortar tiras fininhas, sobretudo pela cor e consistência.
1.1.3. Mais para o Inverno. Couves de Bruxelas partidas a meio, porque têm um sabor estranho mas que se entranha; cenoura ralada, eu preciso de algo estaladiço pelo meio e a alface não me chega; passas, porque são doces, pastosas e muito perfumadas;
1.1.4. Inventem. Utilizo frequentemente e sugiro, pelos mesmos motivos, nozes, feijão verde, pimento assado, pickles, ovo cozido... se quiserem fazer uma salada para refeição e não dispensam proteínas animais podem utilizar atum, frango desfiado, whatever.
2. La pièce de resistance: condimentos.
2.1. Azeite. Virgem extra, de muito boa qualidade, praticamente o produto de azeitonas esmagadas e com nada de refinação. Só assim temos algo para acentuar os sabores sem os diluir, e muito importante, une os elementos, perfuma e dá um brilho especial realçando as cores, sobretudo quando utilizamos fruta.
2.2. Ervas aromáticas. É o que preferirem, mas a mim ninguém me tira a erva-doce, os orégãos, a pimenta, a noz-moscada, e para saladas mais refrescantes sobretudo no Verão hortelã-pimenta picada muito finamente.
2.3. Não utilizo vinagre nunca, porque tem um cheiro péssimo capaz de estragar qualquer salada. Quando utilizo legumes ou frutas ácidas não coloco nada, se achar que a salada está muito doce, acrescento umas gotas de limão.
NOTA: prepararem os condimentos à parte e só os coloquem na hora de servir, primeiro porque ninguém gosta de uma salada melada e segundo porque só assim garantem que o "tempero" é homogéneo.
Agora imaginem:
A cor verde da alface misturando-se com a cor vermelho viva do tomate, com o garrido das frutas.
O cheiro delicado do azeite, com o aroma ácido das laranjas, ou o adocicado das passas.
Sintam e ouçam a textura da melancia quebrar enquanto a trincam e a sentem explodir dentro da boca.
E por fim, e só no fim, é que o palato entra e saboreia!
Experimentem, sugiram e contem como foi!