Palavras Proscritas
Dá-me a tua melhor faca, para cortarmos isto em dois...
Falar do inominado é usar as palavras como o coração impele o sangue através do corpo, extravasando a pele, a mesma pele que arde a cada segundo que passa, que se faz chama porque quer queimar-me a mim e comigo a mais simples memória de ti.
São as 3 chagas no meu corpo que mostro ao espelho sem as saber ocultar, são os 3 pontos que conto de cada vez que a minha mão tapa um sol demasiado inclemente, são as 3 pegadas que deixei na areia rumo ao mar que me tragou e devolveu inteiro, por saber que aquela água já tinha percorrido os nossos corpos, já tinha corrido fria, tão fria como a neve que ambos amparávamos à distância de um mundo sabendo que o universo que tinhamos que transpor estava à distância de um toque que ousasse ultrapassar cada instante e desvendar o sentido oculto das coisas.
O inominado são as perdas, aquelas que o tempo mais valoriza, aquelas cujo tempo não cumpriu ou se encarregou de destruir antes que este se concretizasse com a explosão de um grito... um grito que fizesse de nós únos como um só bater de coração, uma só alma...
O inominado é o sangue que se vai perdendo algures, liberto da melhor parte de ti e de mim, é o que uma lágrima negada perdeu insignificante enquanto se lamentava pela perda de um outro que nunca chegou a existir. Estava alí tão perto, ao alcance de uma palavra, porque o sentia em mim, crescendo como uma ideia, alimentando-se de sonhos sabendo-os superados, sabendo-os nada em comparação com o que lhe negávamos.
Já não é o azul que vejo, meu amor, nas noites que passo à varanda pensando em nós, é essa outra cor arraçada, selvagem, essa cor que se cria onde o mar se junta ao céu, e que perdemos por desconhecer que esse mundo estava alí do outro lado do espelho, no jardim, sobre o banco, esperando por nós.
É esse o corpo que lamento e velo, mas não o meu! O meu foi dado, vendido sem comprador que o quisesse, e mais nada poderia dar que tivesse, tudo por essa vida... Nada não, porque haveria uma palavra para além do corpo, para além da alma... o sangue com que vendi a alma encheu-me os ouvidos com um silêncio impossivel. Nem na lingua dos gestos com que escrevia o nosso nome no ar (porque estava dentro do meu) eu soube falar, nem me soubes-te escutar.
Já não é o Azul, nem o tempo, não me cala o sangue ou a alma, o inominado, as palavras proscritas são as que neguei um dia, sem as poder repetir, e velam sobre mim, sobre os sonhos, e junto com elas estão 46 pessoas olhando para mim...
...e eu, sem saber olhar, para dentro delas...
A M.
Isto sim, é o que eu queria escrever.
Falar do inominado é usar as palavras como o coração impele o sangue através do corpo, extravasando a pele, a mesma pele que arde a cada segundo que passa, que se faz chama porque quer queimar-me a mim e comigo a mais simples memória de ti.
São as 3 chagas no meu corpo que mostro ao espelho sem as saber ocultar, são os 3 pontos que conto de cada vez que a minha mão tapa um sol demasiado inclemente, são as 3 pegadas que deixei na areia rumo ao mar que me tragou e devolveu inteiro, por saber que aquela água já tinha percorrido os nossos corpos, já tinha corrido fria, tão fria como a neve que ambos amparávamos à distância de um mundo sabendo que o universo que tinhamos que transpor estava à distância de um toque que ousasse ultrapassar cada instante e desvendar o sentido oculto das coisas.
O inominado são as perdas, aquelas que o tempo mais valoriza, aquelas cujo tempo não cumpriu ou se encarregou de destruir antes que este se concretizasse com a explosão de um grito... um grito que fizesse de nós únos como um só bater de coração, uma só alma...
O inominado é o sangue que se vai perdendo algures, liberto da melhor parte de ti e de mim, é o que uma lágrima negada perdeu insignificante enquanto se lamentava pela perda de um outro que nunca chegou a existir. Estava alí tão perto, ao alcance de uma palavra, porque o sentia em mim, crescendo como uma ideia, alimentando-se de sonhos sabendo-os superados, sabendo-os nada em comparação com o que lhe negávamos.
Já não é o azul que vejo, meu amor, nas noites que passo à varanda pensando em nós, é essa outra cor arraçada, selvagem, essa cor que se cria onde o mar se junta ao céu, e que perdemos por desconhecer que esse mundo estava alí do outro lado do espelho, no jardim, sobre o banco, esperando por nós.
É esse o corpo que lamento e velo, mas não o meu! O meu foi dado, vendido sem comprador que o quisesse, e mais nada poderia dar que tivesse, tudo por essa vida... Nada não, porque haveria uma palavra para além do corpo, para além da alma... o sangue com que vendi a alma encheu-me os ouvidos com um silêncio impossivel. Nem na lingua dos gestos com que escrevia o nosso nome no ar (porque estava dentro do meu) eu soube falar, nem me soubes-te escutar.
Já não é o Azul, nem o tempo, não me cala o sangue ou a alma, o inominado, as palavras proscritas são as que neguei um dia, sem as poder repetir, e velam sobre mim, sobre os sonhos, e junto com elas estão 46 pessoas olhando para mim...
...e eu, sem saber olhar, para dentro delas...
A M.
Isto sim, é o que eu queria escrever.
só tenho a dizer k tá soberbo, e k s era isto realmente k kerias escrever, foi o melhor k fizeste :) adorei!! kero mais e mais e mais textos, e com mts palavras, mts mts, para poder apreciar uma a uma e me deliciar, pode ser?? fico á espera. BJ