Monday, February 05, 2007

Fisica & Alma

O corpo humano é regido pela física.

Todos os objectos são imbuídos de uma estrutura que é deformável por forças externas. Essa deformação é elástica quando a força que provoca a deformação cessa o objecto retoma a forma original, a deformação é plástica quando a força que provoca a deformação cessa o objecto deforma-se e não retoma à forma original. Ultrapassado o limite plástico ocorre a ruptura do objecto. A intensidade, a direcção e o tempo da força são variáveis que influem nos limites mencionados. O aumento de intensidade da força corresponde às transições entre estados. Os objectos oferecem geralmente resistências diferentes conforme são esticados ou encolhidos, isto é, se variarmos a direcção da força, devido a não serem homogéneos. Uma força prolongada no tempo provoca um efeito cumulativo, por exemplo, se um objecto for colocado na sua fase plástica e se a força deformadora se mantiver, este entrará na sua fase plástica.

O alongamento muscular obedece a estas leis. Um musculo só é convenientemente alongado se este for alongado ao longo do seu eixo de movimento (direcção), com uma força suficiente (intensidade) para este entrar na sua fase plástica durante um tempo determinado que iniba o reflexo de alongamento (um reflexo semelhante à contracção muscular que se observa quando levamos com o martelo no joelho) e faça persistir a força.

De um modo análogo, o alongamento das nossas expectativas, resistências, desejos e sentimentos, tudo o que se passa dentro do nosso crâneo só acontece quando as forças externas agem sobre nós na direcção certa, com a intensidade correcta, pelo tempo determinado.
Quantos mais velhos somos, mais as nossas convicções se acham laxas pelo desgaste dos anos, envelhecer (ou crescer) é perder as certezas absolutas.
Quanto mais os stresses do dia-a-dia são fortes, ou nos atingem por terem uma determinada direcção, por nos tocarem em pontos sensiveis, mais depressa envelhecemos (ou crescemos) mais depressa a nossa mente caminha para um alongamento crescente capaz de albergar um mundo maior e um maior mundo.



Os sistemas dinâmicos reagem por sobreposição a interferências externas. O fortalecimento muscular baseia-se entre outras no princípio da reacção à sobrecarga. Todo o nosso corpo funciona assim, quando sujeito a uma força externa que o força para além dos seus limites, a primeira reacção é a destruição celular e a inflamação, quando a força cessa e se dá tempo à recuperação, esta passa por uma reacção exagerada do organismo que sobrecompensa a agressão. Por exemplo os calos na nossa pele, são resultado de um contacto externo que primeiramente destrói a nossa pele, secundariamente a nossa pele reage em "exagero" criando uma aglomeração celular que é mais densa que a anterior, surgindo o calo.
O fortalecimento muscular, segue o mesmo percurso. Os músculos sendo submetidos a uma sobrecarga (i.e. uma carga superior ao normal) são parcialmente destruídos e inflamam. A recuperação que se segue provoca uma proliferação celular reconstrutora, que aumenta a capacidade muscular (grosso modo).

Mais uma vez, aquilo que se passa no nosso crâneo é análogo. Quando sujeito a uma sobrecarga, o nosso cérebro reage por sobrecompensação, tornando-nos mais fortes, mais aptos a reagirmos a cargas maiores. Envelhecer (ou crescer) também é capaz de ser isto.


Será que o nosso cérebro, personalidade ou alma, também têm um ponto de ruptura, ou então, por sobrecarga excessiva se fecham sobre si mesmos e não recuperam mais?

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