O Peso dos Dias
"Para todos os males há 2 remédios: o tempo e o silêncio." A. Dumas.
Os dias passam como cristais no nevoeiro. Hoje é o amanhã que tanto temíamos, o ontem é uma lembrança desconexa. Sei de cor os passos que me trazem até aqui, o movimento constante, e deixo marcos como passos, como pistas que me vão levar a algum lugar longe daqui.
Não me preocupam datas, nos vários tempos possíveis vivi sempre aquele mais pessoal, num ritmo próprio de quem respira sentimento e comoção. Vivi por isso dias como séculos, e acordei de uma noite dando conta que um ano já passara. Hoje a saudade marca o compasso dos meus dias, respirando por mim.
Como nunca o tempo expande-se nos segundos e prolonga-se nos dias que passam. A saudade afasta-me das coisas como um trilho incerto que se fecha sob os meus passos: desconheço o caminho que passou e, sobre alguns espaços onde estive, duvido se são sonhados ou concretos.
O tempo do sentimento é este no qual acordo entre realidades, contando segundos espaçados e desconhecendo como é possível passarem as horas por nós. Sabe a sal e a distância, sabe também, a dor e a saudade. Sabe ao circulo da minha mente, que me prega partidas atrasando o relógio por cada vez que não olho, sem nunca me sincronizar com o mundo.
O tempo não faz de mim mais sábio, ele corrói tudo, pessoas e montanhas por igual. Saberia que não estou melhor hoje do que estive ontem se não duvidasse da própria existência de um dia que precedeu este. Este tempo , não é o meu, é tão intangível como qualquer um desde o momento em que saíu de mim.
Apago as velas dos dias que conto num calendário que se refaz a cada instante, agarro-me a essa ideia de constância, de marca-passos, que me traça um caminho (não sei se sonhado ou real) no qual prefiro acreditar à falta de fé.
Agarro-me a cada pedra, fria, talhada, que se espalha nesta colina que se ergue diante de mim como a cada sentimento, e temo cada palavra que o contrarie porque depois de tudo perder nos aferramos aos sonhos que temos dos nosso próprios conceitos.
Há momentos que dividem tempo e espaço, que rasgam o seu tecido, e definem o seu controno embrulhando os dias com dúvidas e certezas, com emoções. Há momentos que não acontecem, são em si mesmos, um tempo.
O meu tempo é este, e não tenho palavras para ele, não tenho velas para os anos que passam, ou esperança com que lhe embrulhar as prendas... o meu tempo conta-se em culpa, dor e saudade, como ponteiros de mim para segundos, minutos e horas. Neste tempo já vivi uma vida mas nem tive tempo para respirar um segundo.
\me on Linda Martini, Amor Combate
Texto escrito 11/02/2007, revisto hoje.
Os dias passam como cristais no nevoeiro. Hoje é o amanhã que tanto temíamos, o ontem é uma lembrança desconexa. Sei de cor os passos que me trazem até aqui, o movimento constante, e deixo marcos como passos, como pistas que me vão levar a algum lugar longe daqui.
Não me preocupam datas, nos vários tempos possíveis vivi sempre aquele mais pessoal, num ritmo próprio de quem respira sentimento e comoção. Vivi por isso dias como séculos, e acordei de uma noite dando conta que um ano já passara. Hoje a saudade marca o compasso dos meus dias, respirando por mim.
Como nunca o tempo expande-se nos segundos e prolonga-se nos dias que passam. A saudade afasta-me das coisas como um trilho incerto que se fecha sob os meus passos: desconheço o caminho que passou e, sobre alguns espaços onde estive, duvido se são sonhados ou concretos.
O tempo do sentimento é este no qual acordo entre realidades, contando segundos espaçados e desconhecendo como é possível passarem as horas por nós. Sabe a sal e a distância, sabe também, a dor e a saudade. Sabe ao circulo da minha mente, que me prega partidas atrasando o relógio por cada vez que não olho, sem nunca me sincronizar com o mundo.
O tempo não faz de mim mais sábio, ele corrói tudo, pessoas e montanhas por igual. Saberia que não estou melhor hoje do que estive ontem se não duvidasse da própria existência de um dia que precedeu este. Este tempo , não é o meu, é tão intangível como qualquer um desde o momento em que saíu de mim.
Apago as velas dos dias que conto num calendário que se refaz a cada instante, agarro-me a essa ideia de constância, de marca-passos, que me traça um caminho (não sei se sonhado ou real) no qual prefiro acreditar à falta de fé.
Agarro-me a cada pedra, fria, talhada, que se espalha nesta colina que se ergue diante de mim como a cada sentimento, e temo cada palavra que o contrarie porque depois de tudo perder nos aferramos aos sonhos que temos dos nosso próprios conceitos.
Há momentos que dividem tempo e espaço, que rasgam o seu tecido, e definem o seu controno embrulhando os dias com dúvidas e certezas, com emoções. Há momentos que não acontecem, são em si mesmos, um tempo.
O meu tempo é este, e não tenho palavras para ele, não tenho velas para os anos que passam, ou esperança com que lhe embrulhar as prendas... o meu tempo conta-se em culpa, dor e saudade, como ponteiros de mim para segundos, minutos e horas. Neste tempo já vivi uma vida mas nem tive tempo para respirar um segundo.
\me on Linda Martini, Amor Combate
Texto escrito 11/02/2007, revisto hoje.
esse é o sentimento de toda esta geração "rasca": esforçámo-nos nos estudos porque acreditávamos que iríamos ser melhores; humilhamo-nos em trabalhos precários e mal pagos e fingimos não perceber a estupidez dos patrões mal formados. Queremos casar, ter filhos e passar férias em destinos exóticos, mas chegámos aos trinta e não aprendemos as sete línguas que queríamos aprender, não temos a apartamento T4 com vistas para o Douro, não vamos passar férias à Tailândia. Adormecemos, acordamos e trabalhamos comandados por um dever que não compreendemos, mas ao qual obedecemos. Daqui a uns quarenta anos, olhamos para trás e perguntamos: What the fuck had happened??? mas será demasiado tarde pare re-viver! No ano 2200 alguém escreverá uma tese sobre o fin- de-síecle maladie da geração de 80 no virar do milénio, a geração que sofreu as consequências do crescimento económico e posterior recessão...