Wednesday, July 05, 2006

Perfect Skin

Antes de continuar queria agradecer a todos aqueles que comentaram ou conversaram comigo para continuar este blog, este post é, também, dedicado a todos vocês. Obrigado.

Num dos últimos concertos a que fui, foi dita uma frase que se aplica a este post:

"esta música é sobre uma serpente e a sua pele..."

Este post, é sobretudo, sobre uma serpente e a sua pele.



As palavras caem de um céu que nada promete, congeladas, como flocos de neve dançando ao sabor de um vento gelado, pousam suavemente sobre mim, em camadas sucessivamente brancas, sucessivamente frias, sucessivamente perjorativas.
Nada me falta, excepto aquilo que nunca consegui por meios próprios.
O meu anjo da guarda foi dado, levando aquilo a que um dia chamei de sorte, para alguém que o mereça, nada resguarda esta fria neve que cai, e no entanto, não lamento tê-lo perdido, cumpriu a função que sempre desejei ter para ele, e continuará a cumpri-la como um bom anjo da guarda que é.
As palavras, dizia, caem suavemente sobre o meu rosto impávido, calmamente atravesso o seu significado superficial para me achar do outro lado, do lado futuro, do lado real e é com um prazer irracional que me vejo aqui, onde os artificialismos secam e mirram por falta de sustento, onde o que resta são significados puros e livres que aceito sem questionar... como foi dito, o meu anjo da guarda foi dado.
A decisão foi tomada muito antes dos jogos manipulativos que transportam o sucesso, não é fácil jogar um jogo do qual desconhecemos as regras, e ainda mais importante, o propósito. As guerras já não se travam, apenas se perdem, enquanto nos desfazemos nas arestas cortantes de uma questão colocada no princípio de tudo.
As palavras soam directas como uma fria imposição do real, como um previsível desfecho a situações que se arrastam mortalmente feridas ao longo de dias monótonos e cada vez mais iguais, as palavras não são nada, são apenas remates de um elaborado processo do qual nunca fiz parte.
Tão natural quanto perder a razão inicial, tudo o resto se arrasta até um fim prevísivel para aquelas coisas que perderam toda e qualquer justificação pessoal. As palavras, nada significam, hoje foram ditas, e por muito temidas que fossem, nada me espantou, nada me impressionou, excepto aqueles significados ocultos por trás de um sorriso.
Acendi um cigarro e fiz um telefonema rápido, olhei para aquela fachada escura e apaguei o cigarro calmamente, as palavras ecoavam ainda numa sala feita de espelhos e pintada a negro e bordeaux...
All you ever see
Flashes you and me...
Fitting the perfect skin to me...

1 Crossroads:

Blogger nexinha said...

He's baaaack ;)
O teu anjo da guarda nunca te abandona, sempre te acompanha... olha o meu, por exemplo, anda de bicicleta mas nunca me deixa :p *

11:03 PM  

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