Saturday, July 22, 2006

It's evolution baby


Odeio-te porque não tens a mesma cor de pele do que eu, porque o teu deus é diferente do meu, porque o teu jardim fica ao lado do meu.
Vou-te matar porque tenho inveja de ti, porque quero o teu dinheiro, a tua terra, a tua água, a tua mulher.
Vou matar os teus filhos para que não se possam vingar de mim.
Vou matar crianças porque atiram pedras a tanques porque lhes ensinaram a odiar em vez de brincar.
Vou carregar no botão e fazer-me explodir porque te odeio assim como és.
Vou matar-te porque quero a terra onde habitas, para roubar as tuas vacas, o teu celeiro e o teu poço.

E uma bala sai de um canhão de uma arma e vai matar o teu filho de 7 anos, e tu vais pegar noutra arma e matar uma mulher que ia comprar fruta para o seu filho no mercado local.
Nas notícias dirão que é violência racial e religiosa.
E colocar-te-ão etiqueta para que faças parte das estatísticas do ódio.
Eu sou mais forte do que tu, porque tenho homens e armas, e tu não tens nada, vou arrasar a tua cidade, para que vivas sem luz, sem água, sem as pessoas que amas.
Eu sou mais fraco que tu e resisto através do ódio que te tenho, porque vais a uma igreja adorar um deus diferente do meu, porque queres a terra onde vivo, porque não me deixas trabalhar para dar de comer aos meus filhos.

Vou espalhar a morte entre vocês, porque entre nós a morte está presente em cada dia, e serve-se através da fome, da cólera e de balas mais ou menos perdidas.
E no teu mundo abastado falas de globalização... e eu só vejo que vens buscar à minha terra o ouro, os metais, o petróleo, e deixas alguns milionários que imigram, porque não querem viver numa terra onde existam crianças que não tem força para enxotar os insectos que as picam, porque já se esqueceram da ultima refeição que tomaram, e nunca na sua vida terão uma bola com que fazer de conta que são uma estrela mundial.
Globalização de recursos, regionalização de proveitos.

Vou cravejar os campos de minas, para arrancar os membros e ceifar vidas daqueles que irão plantar esses campos para matar a fome quando em todo o lado se falar de paz.
Vou dar armas a crianças e ensiná-las a matar sem que elas aprendam a ler, a somar, a subtrair...
Vou subir ao púlpito e declamar o meu ódio visceral, para uma plateia cega que irá aplaudir, as mãos que agora se abrem estendidas, que chocam num aplauso frenético, são as mesmas que irão pegar nas tochas e incendiar o rastilho da guerra.
Vou-me vestir de branco e dizer que sou melhor que o meu semelhante, e arrastar-te pela lama porque a tua pele é diferente da minha... vou quebrar os teus ossos, violar a tua mulher, matar os teus filhos e serás o ultimo a morrer.
Vou mandar o meu filho embarcar num avião, fazer com que voe 300 milhas, carregar num botão e ver nascer um dia em plena noite, qual bola de fogo que incendeia mulheres, crianças, velhos, culpados e inocentes, indiferente.

Não somos loucos pelo que fazemos, somos loucos pelo que ignoramos.

1 Crossroads:

Blogger Ana said...

até me arrepiou, o teu post. até me arrepiou. é tão cruel, mas ao mesmo tempo tão verdadeiro. e é essa verdade que arrepia. e é o facto de ignorarmos essa verdade, que arrepia ainda mais.

somos tão ruins, nós.

oh. muito obrigada pelo elogio, mas ao pé do teu blog, o meu é uma migalhinha de pão.
continua assim! *

11:36 AM  

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