Silêncio.
Lembro-me de um Verão passado. Esta memória é tão presente que de repente não sei onde estou. Estou sentado junto ao Tejo, num areal fluvial, levanto-me (não sei onde estou) e ando os 100 metros que faltam até à colina. Detenho-me antes de chegar, paro no caminho, deito-me, não sei onde estou, mas estou lá.
Se for bom nesta vida, posso pedir, quando morrer, para viver de novo os momentos da vida passada em que fui mais feliz?
Posso pedir, para estar sentado ali, naquela praia, junto ao Tejo?
Posso pedir?
Os batimentos cardíacos que ouço, são de todas as pessoas, menos de mim, são tão fortes que eu já deixei de escutar o meu. Mesmo não sabendo onde estou continuo a ouvi-los aqui perto de mim. E preocupo-me tanto em escutá-los, que já não sei se o meu coração parou. Esqueci-me de o ouvir quando tentei atravessar o silêncio dos outros quando paravam.
Eu dava o meu silêncio por esse ruído compassado em ti...
É que eu já o deixei de escutar aqui, tentando escutar o teu...
Não sei onde estou.
E quando esqueço onde estou, quando me lembro, eu escuto, escuto nas memórias esse barulho compassado do teu peito, mas por muito que me esforce não consigo escutar o meu. Sabes quando foi que parou?
E por muito que escute nas memórias não me lembro das respostas, ou de ter dito alguma coisa.
Lembras-te quando me falavas do Porto naquela sala repleta de relíquias? Eu estava sentado ao teu lado, sentia o teu coração que me falava de dor, mas ainda não sabia escutar o meu.
E queria resgatar o teu sopro, pelo meu... mas eu não o sabia encontrar.
Quando desapareceste em sangue, sem saberes o que era a luz, nem aí o soube encontrar, para te dar completo, esse anjo da guarda que nem chegou a aparecer... não sabia o nome pelo qual o podia chamar.
As noites vestiram-se de dourado, depois de estar lá no meio da luta pelo ouro, eu só queria calar a ganância com o meu sopro sobre o teu... o teu braço sobre o meu, não sabias mais do que eu mas não tapavas os teus olhos como eu, sabias o que eu te queria dar, mas como não escutavas o meu próprio coração a bater enquanto o teu se apagava, não me sabias pedir o que eu tanto queria dar. Guardei-o então, e cada vez mais rezei para poder escutá-lo quando mais precisasse. E nas noites douradas, por entre a água e o ar entre nós tentei por tudo escutá-lo.
Não o ouviste, pois não, nem soubeste mentir, a verdade surgiu tão crua como o silêncio que sai do meu peito quando a voz quer gritar.
Já morri mil vezes, e nem por uma vez isso importou.
Se for bom nesta vida, posso pedir, quando morrer, para viver de novo os momentos da vida passada em que fui mais feliz?
Posso pedir, para estar sentado ali, naquela praia, junto ao Tejo?
Posso pedir?
Os batimentos cardíacos que ouço, são de todas as pessoas, menos de mim, são tão fortes que eu já deixei de escutar o meu. Mesmo não sabendo onde estou continuo a ouvi-los aqui perto de mim. E preocupo-me tanto em escutá-los, que já não sei se o meu coração parou. Esqueci-me de o ouvir quando tentei atravessar o silêncio dos outros quando paravam.
Eu dava o meu silêncio por esse ruído compassado em ti...
É que eu já o deixei de escutar aqui, tentando escutar o teu...
Não sei onde estou.
E quando esqueço onde estou, quando me lembro, eu escuto, escuto nas memórias esse barulho compassado do teu peito, mas por muito que me esforce não consigo escutar o meu. Sabes quando foi que parou?
E por muito que escute nas memórias não me lembro das respostas, ou de ter dito alguma coisa.
Lembras-te quando me falavas do Porto naquela sala repleta de relíquias? Eu estava sentado ao teu lado, sentia o teu coração que me falava de dor, mas ainda não sabia escutar o meu.
E queria resgatar o teu sopro, pelo meu... mas eu não o sabia encontrar.
Quando desapareceste em sangue, sem saberes o que era a luz, nem aí o soube encontrar, para te dar completo, esse anjo da guarda que nem chegou a aparecer... não sabia o nome pelo qual o podia chamar.
As noites vestiram-se de dourado, depois de estar lá no meio da luta pelo ouro, eu só queria calar a ganância com o meu sopro sobre o teu... o teu braço sobre o meu, não sabias mais do que eu mas não tapavas os teus olhos como eu, sabias o que eu te queria dar, mas como não escutavas o meu próprio coração a bater enquanto o teu se apagava, não me sabias pedir o que eu tanto queria dar. Guardei-o então, e cada vez mais rezei para poder escutá-lo quando mais precisasse. E nas noites douradas, por entre a água e o ar entre nós tentei por tudo escutá-lo.
Não o ouviste, pois não, nem soubeste mentir, a verdade surgiu tão crua como o silêncio que sai do meu peito quando a voz quer gritar.
Já morri mil vezes, e nem por uma vez isso importou.