Black Rose
Cansam-me os dias, as horas e os minutos. Gasto-me nas noites. Envelheço numa varanda debruçado sobre mim.
São luzes amarelas, são luzes pálidas e intermitentes que cintilam vencendo o negrume da noite e o véu de chuva e nevoeiro. As pessoas são pequeninas e vagueiam sem rumo. Os gatos só saem à noite, atravessando a rua rapidamente para depois se esconderem debaixo dos carros estacionados.
São as noites de outros tempos, a noite das memórias, a noite das histórias, uma noite de calor. São sombras inconstantes que habitam este mundo, que se perdem e transfiguram, que se incendeiam de raiva e de paixões, ou cintilam de esperança, ou se abandonam ao desespero.
São apenas noites, que se perdem, mas que não se sabem encontrar. São os rostos dos fantasmas que me tocam na pele e me arrepiam, são os túneis intermináveis e vertiginosos que me tragam, são os abismos que percorro sem saber se o verdadeiro caminho estará em cair.
É o nevoeiro sem fim e o cansaço que me vence, às vezes, à noite. Aos sons que se distanciam e que ecoam transmutados, a voz original perde-se nas suas paredes, na sua escuridão perversa, na sua distância do tempo.
Alternativas entre sonho, ficção e realidade, que se confundem e entrelaçam, numa mente confusa, numa mente cansada. Vejo rosas negras, e explosões de sal contra o negro da noite, e cavalos alados que voam como morcegos, vejo tanta coisa... sem saber se é verdade ou não...
Não sei, nem desconfio, quanto menos mentiras me contam mais mergulho na ficção.
Já não conto memórias, conto histórias onde cabem todos os príncipes e princesas deste mundo e do outro, onde há ogres, dragões, elfos e duendes, onde no final de cada arco-íris há sempre um pote com ouro. Não durará 1001 noites, nem lhe peço mais do que uma, a sedução das rosas negras compôs o bouquet prostrado no monumento ao soldado desconhecido.
A decisão mais difícil da minha vida, foi deixar-te partir, sem pedir que ficasses.
adorei....bj